“Infelicidade é mais que um mero sentimento. É um direito humano.
Nós somos muito mais inclinados à infelicidade que ao seu contrário. Se somos livres para perseguir a felicidade, não nos leva mais que alguns minutos pensando e ponderando para a infelicidade se instalar. É um sentimento muito mais natural e familiar que a felicidade. Afinal, é compartilhado por muitos mais do que a escassa alegria vivenciada pelos chamados privilegiados.
A infelicidade é democrática: pode afetar qualquer um. Também é alcançada muito mais facilmente: até em uma terra de abundância, a falta de apenas uma coisa pode trazer infinita infelicidade.
Se abraçada, a infelicidade pode despertar uma gama muito mais ampla de sentimentos (depressão, auto-desprezo, raiva) que seu oposto, a felicidade, que simplesmente é.
A infelicidade não coloca pressão naquele que a sente, ao contrário da constante e mundial exigência à qual somos submetidos para sermos felizes. A infelicidade não nos persegue. Ela surge dentro de nós.
E não há nada que possa aplacá-la. Enquanto uma pequena, singela desilusão pode devastar a felicidade, algumas pessoas simplesmente nascem com uma capacidade extraordinária para a infelicidade, que nenhuma quantidade de coisas boas, momentos alegres e pessoas queridas pode destruir.
Apesar de tudo isso, a infelicidade sempre foi mal vista. De remédios pesados, a fofos e coloridos desenhos animados, esses inquisidores felizes tentam há eras suprimir a infelicidade e impor a felicidade, a todo custo. No passado, eles acreditavam que a infelicidade era causada pelo constante medo da morte, pragas ou fome, ou a falta de condições de vida de qualidade. Mas o tempo se encarregou de mostrar que nenhum aumento de salário, escolhas, liberdade, saúde, expectativa de vida ou conta bancária das pessoas pode diminuir a infelicidade nos seus corações.
Nós temos, desde o nascimento, o potencial – e o direito – de sermos infelizes. Um poeta poderia até mesmo expressar que “ser Humano é ter o poder de ser infeliz”.
A infelicidade não surge de fora, não é imposta, tampouco demandada, muito menos esperada. Ela nasce livre e genuinamente, sem cobrar nada.
É tempo de pararmos de depreciar a infelicidade, abraçando essa capacidade verdadeiramente humana, natural à sua mente, ao seu coração e à sua alma, e admitindo que nós somos, e possivelmente seremos, para sempre, infelizes.”
Nunca tinha escrito um manifesto. Gosto mais deles quanto têm temas que normalmente não fazem o menor sentido pra maioria das pessoas. Não perguntem da onde veio, só veio. E daqui, soou verdadeiro. Notem que o tom não é depressivo e pessimista, n'est-ce pas?
Sessentindo:
Cínica
Audiovisuando: The Tudors, season 3
O ser humano tem a tendência natural a ser infeliz...
ResponderExcluirfelicidade é só um estado momentaneo.
Deprê... rs.
ResponderExcluirO maior problema é que a batida "seja feliz", "seja feliz", "seja feliz", acopla o sentimento de culpa à infelicidade
Pois é! Não é deprê, não! É justo!
ResponderExcluirA felicidade ganha importância justamente por sua raridade. Por sua dificuldade de ser alcançada e por sua natureza tímida.
ResponderExcluirA infelicidade quer muitos amigos, não importa quem. Já a felicidade escolhe melhor seus companheiros, aqueles que a querem de verdade, ou que não se deixam conquistar pelos poucos méritos de sua grande rival. A infelicidade é democrática por que se dá por osmose, contágio, infecção. A felicidade é para os poucos que em seus parcos momentos de respiro no caos da vida, encontram motivos para sorrir.
desculpe pelo momento otimista em meio a ode à infelicidade
Oi Larissa,
ResponderExcluirPermite que eu copie o texto para o meu blog, com os devidos créditos?!
Mto bom.
Abraços
Renata Lopes - http://re-volts.blogspot.com