- O que foi aquela explosão ali no cantinho?


Close-up de um pedaço escuro do universo


- Ah, relaxa, não deve ter sido nada.


Assisti Watchmen ontem. Gostei bastante mesmo, apesar de nunca ter lido o quadrinho, e, portanto não saber julgar se foi uma boa adaptação ou não (tão dizendo as más línguas que não é, mas nós sempre somos cruéis com adaptações). Como filme, achei muito bom. Trilha sonora não-original mega original! Ele é bem diferente dos outros filmes de super-heróis que têm sido feitos.

Mas... eu tenho uma questão. o/

Sinceramente, eu não sei dizer se é um fenômeno contemporâneo, ou se sempre existiu, mas cada vez mais eu percebo uma desilusão generalizada da raça humana consigo mesma. Como? Tipo assim:

A: - Everyone is going to die!
B: - And the universe won’t even notice.
[ Trecho de Watchmen. Tirei os nomes dos personagens pra não dar spoilers! ]

O filme não termina com essa mensagem [ok, parei! Vão e assistam!], mas ainda fica no ar uma amargura: nós causamos mais mal do que bem.

Talvez seja porque, finalmente, estamos tomando consciência do nosso impacto no planeta. Talvez seja porque nós, finalmente, estamos vendo (vendo mesmo, não é mais só lendo ou ouvindo a respeito) os crimes, as catástrofes, os desmatamentos, as inadimplências, etc., etc., que cometemos todos os dias. Agora não é mais uma idéia abstrata de que alguém, por aí, estupra crianças. Agora é imagem de criança grávida na TV.

Note, eu não estou querendo dizer que o mundo está mais violento, como já ouvi dizerem. Eu nem acho que esteja, se formos comparar com épocas em que esposas eram cortadas em pedacinhos em praças públicas se traíssem seus maridos (qualquer semelhança com o Oriente Médio atual não é mera coincidência), ou em que multidões iam assistir a enforcamentos de hereges como se vai ao cinema agora.

Mas, se nós ficamos menos tolerantes à violência, a natureza humana (também tema no filme) continua a mesma. A gente ainda mata, rouba, estupra, machuca. E, como se não bastasse a constante lembrança disso, hoje sabemos também que estamos destruindo a Natureza.

Então, voltando àquela questão de que eu tinha falado: o mundo estaria melhor sem nós?

Se cresce (ou pelo menos, eu acho que cresce) a importância dada a uma vida humana, parece que a existência da Humanidade já não é mais tão sagrada assim. O nosso umbigo diminuiu.

Afinal, um cantinho bem escuro do universo contém galáxias. E mesmo se não existir vida em mais nenhum outro lugar desse universo, quem vai sentir a nossa falta? Os oceanos vão agradecer. Os nossos deuses morrem conosco. E a Terra não vai parar de rodar e girar.

Nosso bem são nossas culturas, nossos livros, nossa filosofia, nossa ciência, nossas constantes transformação e evolução? E quem herdaria isso se sumíssemos?

Na verdade, a questão não é medir o valor da humanidade em si. Todo mundo sabe que isso é medido pela relação das pessoas. O que umas fazem pelas outras, o que deixam para trás, etc. A questão é que na balança alegórica, não estão mais “o bem da humanidade” vs. “o mal da humanidade”, e sim “humanidade” vs. “mundo”. E, pelo que me parece, ela está tendendo para o último.

Antes que me chamem de fascista, niilista, pessimista ou qualquer outro adjetivo derivado, eu não acho a humanidade ruim. Como diria o sábio Linus van Pelt, “eu amo a humanidade, são as pessoas que eu não suporto” (Peanuts) hahaha.

Só estou expressando uma sensação. Alguém aí também está sentindo isso?

Alguém?
Oi?
Opaexplodiu.


Sessentindo:



Pensativa

Um comentário:

  1. Lari,
    Você me fez lembrar de um professor de geografia que dizia que nós éramos a única espécie a nos auto-destruir (ele repete isso nesse post: http://fomedemundo.blogspot.com/2008/06/insustentvel.html).
    Bem a gente, que se acha a cereja do bolo porque somos reciosnais e blablabla. Até os dinossauros, ao que tudo indica, esperaram que uma "bomba" caísse.

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Rindo comigo