O anel da rainha

Foto da rainhazinha por Penny Jack, a Nebulosa do Anel adicionada por mim


Em um certo contraponto ao Manifesto Infeliz...


‘Era uma vez um reino feliz e próspero, onde a rainha tinha súditos muito fieis. Um deles, porém, estava começando a se tornar orgulhoso. “Eu sou o súdito mais fiel de todos”, ele dizia. A rainha, para diminuir a arrogância do rapaz, decidiu mandá-lo em uma busca impossível.

“Meu súdito, eu quero que você me traga um anel mágico. Um anel que torne as pessoas tristes felizes, e as pessoas felizes, tristes.”

O jovem não pensou duas vezes e partiu para cumprir a missão de sua rainha.

Durante muito tempo ele andou, de cidade em cidade, perguntando para todos os sábios se eles conheciam o tal anel. Alguns simplesmente negavam; outros riam do jovem, achando aquilo impossível.

Esgotadas suas esperanças, o jovem súdito fez seu caminho de volta ao reino, muito triste por ter falhado com sua rainha. Chegando na cidade, cansado e sem muita coragem de ir até o palácio e dizer à rainha que não havia encontrado o anel, ele sentou-se em frente a uma pequena oficina. O ferreiro, dono do lugar, vendo o rapaz tão triste, perguntou o que lhe tinha acontecido. Ao ouvir seu relato, o ferreiro disse: “Venha comigo. Eu vou fazer esse anel para você”.

A princípio, o rapaz não acreditou que aquele velho ferreiro realmente fosse capaz de atender ao pedido da rainha, mas ao ler a inscrição dentro do anel recém-forjado, suas tristezas se dissolveram em um grande sorriso.

Feliz, ele foi até o palácio, onde estava acontecendo uma grande festa. A rainha, animada com o evento, achou engraçado quando anunciaram a presença de um jovem súdito que lhe trazia um presente.

“Eu consegui, Majestade, eu encontrei!”, ele anunciou e entregou o anel à rainha.

No momento em que leu a inscrição, ela lembrou-se da missão que havia dado ao rapaz já há tanto tempo, e seu sorriso evanesceu. Sábia, ela suspirou e concordou; ele havia conseguido.

Dentro do anel, podem-se ler as palavras: “Isso também passará”.’

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* História do folclore judaico. A versão da Wikipedia involve o Rei Salomão. Provavelmente, essa é uma história que faz parte das intersecções de histórias de todas as culturas. Mas essa foi a versão que eu ouvia quando era criança, por isso contei assim.

Conforme eu fui crescendo (não necessariamente intelectualmente, digo cronologicamente mesmo), comecei a gostar mais de histórias em que, no final, você suspira e dá um pequeno sorriso, mais que daquelas em que você sai chorando até seus olhos derreterem ou rindo até compensar a ausência de abdominais na sua vida.

Eu sempre gostei da sutileza dessa história. É uma das minhas preferidas, junto com a história sobre a história...

Mas essa fica pra uma outra ocasião...


Sessentindo:


Esperançosa (principalmente após 1 semana de gripe)




Audiovisuando: "Merlin" (1998) - tecnicamente tosquinho, mas ótimo!

Um comentário:

Rindo comigo